sexta-feira, 18 de junho de 2010

DALTO PESSOA

Seu nome - Luiza Possi

Simone - Quem é você?

Etta James - Stormy Weather

À meio caminho


Há pessoas que sentem uma necessidade brutal em estar no controle da situação. São aqueles que diante de um imprevisto entram em pânico e em pane. É impressionante. Geralmente, são inseguras e não dão conta do mundo das emoções. Sua afetividade é problemática e, por isso, se relacionam mal com os demais.

O viver é por natureza algo absolutamente imprevisível e a nossa concepção de razão tenta ordenar o real, colocar cada coisa em um lugar. Para isso, são criados conceitos, classificações, filosofias e ideologias. Precisamos de norte, uma vez que não somos mais seres guiados instintos. A civilização impõe seu custo, não tem jeito. Nossa capacidade intuitiva de avaliar se o que nos é apresentado é bom ou não, é o que pode nos salvar ou nos perder dependendo do nosso grau de maturação e/ou objetivos de vida.

Talvez, a beleza da vida esteja muito mais no sentir do que no pensar, quer dizer: no racionalizar. Não quero dizer com isso que a reflexão tenha papel menor. Pelo contrário, deve ser exercitada sempre. Mas não podemos nos deixar embotar em nossa sensibilidade, no que existe de mais refinado em nós mesmos e que nos faz estabelecer uma sintonia fina com a vida e as pessoas: nossas emoções. Razão e emoção não são termos excludentes entre si. É tolice desprezar uma e privilegiar outra. Somos uma totalidade e não seres fragmentários. Precisamos agir e sentir. O desequilíbrio entre essas duas ações nos torna seres humanos sempre à meio caminho de tudo que poderíamos ser.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O pecado nosso de cada dia.

O que é o pecado? Quem o define? Quem o pune? Quem o perdoa? Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou. O que significa pecado nessa frase? Erro. Erro. Qualquer erro. Mas o que é isso?!!!!!!!!! Existe vida sem erro? Não será o viver, um errar constante? Até onde eu saiba, não existe ensaio para viver. Você vive e pronto!

Você escolhe se vive a vida ou se a cumpre como obrigação. Essa é uma escolha. Quem escolhe não viver é irremediavelmente covarde. Não tem jeito! Nesse caso, não existe ponderação possível. Em nome do que ou de quem você escolhe não viver a sua vida da maneira que você acha melhor? A qual moral você se submete a ponto de sufocar tanto o seu desejo?

Cometer um pecado secreto é uma questão de inteligência e exercício de liberdade. Isso não significa prejudicar a terceiros. Não, pelo contrário. Não estou falando em degradar pessoas. Falo de realizar suas vontades mais básicas, de matar a sua fome de coisas básicas. Como o amor que você nunca se permitiu viver, o beijo que nunca se permitiu dar, o corpo que você não teve coragem de ceder mesmo àquele/àquela que de alguma forma lhe interessava.

É preciso agir com sinceridade, lisura com nós mesmos. Quem é desonesto consigo mesmo, será desonesto com os demais. Fingir que é virtuoso sem sê-lo é uma condenação cruel. Pecados secretos, bem curtidos e acalentados. Pecados solitários e necessários são o exercício puro de uma vontade, de uma liberdade. E quem é livre e sabe-se livre não aprisiona nem a si mesmo nem ninguém.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nina Simone I put a spell on you

Página em branco

É realmente desagradável ter uma página em branco diante de si, principalmente quando você determinou que produzirá alguma coisa todos os dias. Isso é no mínimo crueldade, pois nem sempre temos algo a dizer ou queremos fazê-lo. Imposição insana. Dizem os professores de literatura que não existe inspiração, apenas trabalho árduo. Pois bem, então a máxima de Thomas Edson sobre os 95% de transpiração e os 5% de inspiração também vale para a escrita! Acho que vale para quase tudo na vida. Inclusive para a construção da tão sonhada felicidade.

Voltemos à folha em branco. O que dizer? Como começar? Dá para começar ou devo buscar uma frasezinha naquele livro superbacana que acabei de ler? Bom, isso é fuga da página em branco. A angústia diante do nada nos é apresentada de forma pacifica, porém inquestionável. Será que a morte é branca? Ou será a escuridão total? A palavra uma vez escrita, mata a página em branco. Dá cabo da angústia que ela provoca. Faz com que nos sintamos brevemente poderosos à medida que avançamos.

A palavra é a nossa transpiração. A mente vibra, se contorce, dá voltas para viabilizar uma simples frase. É um sufoco, mas dessa forma a folha em branco vai morrendo para dar lugar ao texto, à produção de qualquer coisa. O importante é a obra, se é pequena, mediana ou genial pouco importa. O que importa é que a página em branco está morta. A minha, por hoje, está!

terça-feira, 15 de junho de 2010

A missão


“Há três tipos de ser humano:
os que exercem a missão,
os que estão procurando a missão e os
que nem entenderam que é preciso encontrá-la”.

(Filipe Ret)



Saber a missão e executá-la. Desconhecer a missão, mas procurá-la. Não saber que existe uma missão a cumprir. Em qual dessas alternativas a maioria das pessoas se encaixa? Certamente, na terceira alternativa. São pessoas que simplesmente desconhecem a missão. Conhecem apenas o cumprimento das tarefas cotidianas. Nada de mais elevado.

Quem determina a existência de uma missão? Por que cumpri-la? É necessária a sua existência? Por que não sabemos viver sem obedecer, sem nos submetermos ao que quer que seja? Necessitamos de metas, de sentido. Não seria o viver o objetivo supremo da vida? Não, precisamos de rotas! Se não as temos nos sentimos perdidos e imprestáveis.

A missão é grandiosa quando resulta do mais profundo desejo, de uma grande pulsão de vida. Quando não, soa como uma condenação, como uma grande carga que devemos suportar. A busca de uma missão, já não seria a missão em si? Há aqueles que não sabem o que querem e passam a vida inteira a buscar. Não entendem que a sua missão é justamente o eterno BUSCAR. A sua pulsão de vida está orientada para a BUSCA. Essa é a sua meta. E, ainda há aqueles que acreditam que nada devem querer. Sabem que o discurso sobre a existência ou não de uma missão, no fundo, é falacioso. Pois, na realidade, acaba aprisionando e limitando quem o segue. Qual seria saída, então? Não é questão de saída, e sim de contentamento. Há pessoas que só se realizam cumprindo uma missão. Há outras que sequer sabem que ela existe, pois enxergam a vida como cumprimento de obrigações. E há aqueles que questionam a finalidade e a sua própria adequação ao projeto de uma missão. E você tem uma missão, acha que não precisa de uma ou é aquele que está na vida apenas para cumprir?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Às vezes, é bom vomitar

É curioso como é mais fácil levar uma vida que vc detesta do que vc fazer o que vc gosta. Muitas vezes passamos anos num trabalho que não suportamos apenas para pagar as contas, outras vezes por conta de um status que ele supostamente confere. É fácil conviver com a infelicidade, em alguma medida todos a conhecem. Mas quantos conhecem o seu oposto? Ah! Felicidade é um conceito, e cada um pensa o que quer, podem dizer-me alguns. Pois então sejamos mais rasteiros. Contentamento, quantos o conhecem? Quantas pessoas sabem o que é estar satisfeitas consigo mesmas, sem se verem como seres humanos que carregam sempre alguma falta? Somos levados a acreditar que somos falhos em alguma coisa, para a partir daí buscar coisas que naturalmente não tenderiamos a buscar. Aperência, consumo, status, dinheiro, uma vida que, no fundo, não suportamos levar.
Às vezes, vomitar faz bem  a alma. Nos torna mais leves. Faz que com que descarreguemos todo o peso que nos impusemos e nos impuseram. Necessitamos ter a alma da águia para destruir o camelo que construiram em nós durante todo o tempo de infância e adolescência. Admiro os rebeldes, aqueles que não cedem. Eles sabem como é necessário resistir e ter autonomia. Engolir sapos faz mal ao estômago, já dizia Nischtze. Saibamos, então, a hora de fazer a nossa lavagem interior.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O perfeccionista

Não entendo a lógica de pessoas que dão mais peso aos erros que aos acertos. Acho curioso. O perfeccionista nunca está satisfeito com nada, os bons resultados geralmente são minimizados, e os erros supervalorizados. É impressionante. Tem um olho clínico para tudo aquilo que foge do prumo e aponta com grande satisfação a falha que encontram. É uma verdadeira águia. Tem como características: minuciosidade, boa capacidade de observação (pelo menos só para erros) prepotência, arrogância, intransigência, ansiedade, autoestima baixa, pois precisam da aprovação alheia, etc. Enfim, um desastre. O perfeccionista é um chato, tirânico consigo mesmo. Diz que é exigente consigo mesmo e generoso com os outros, é mentira. No íntimo julga as atitudes alheias da mesma forma cruel que julga a si mesmo. Não gosta de ninguém porque não gosta de si. Minto! Gosta de pessoas submissas, inexpressivas, mortas em seu potencial criativo. Ou seja, se alimenta de carcaça. Quer ser podado por um perfeccionista? Demonstre um mínimo de inteligência e autonomia. Ele detesta gente independente, pois é inseguro e covarde. A cima de tudo covarde. Não valoriza a liberdade porque a desconhece. Não a deseja, pois é acomodado. Foge da responsabilidade do viver, porque além de ser trabalhoso, não existe script para tal. Viver implica em fazer escolhas e os resultados nem sempre saem como o esperado, e isso para um perfeccionista é mortal. É controlador. Só que o controlador não vive a vida, vive o controle de tudo. Em suma, vive num inferno. Deus me livre de ser assim!

Nem sempre quem vaga está perdido

Temos a ideia de que quem vaga está perdido, que não sabe para onde vai. Como se não fosse possível viver sem querer chegar a algum lugar. Por que temos a necessidade de definir metas, atribuir sentido à vida? Não seria a vida um valor em si? Não seria o viver de acordo com as próprias inclinações o grande objetivo de cada um? Tudo indica que não. Despreze-se a si mesmo. Essa é a mensagem sub-reptícia. O que buscamos? Uma carreira legal, dinheiro, fama, sucesso, sexo... Objetivos planamente legítimos. O problema é quando desprezamos as nossas fomes básicas, quando nos contrariamos para conquistar tudo que nos dizem ser importante.

Descobrir aptidões, desejos, objetivos próprios, enfim tudo o que mobiliza a sua paixão. Eis o grande desafio para muitos. A sensação de solidão e de falta de rumo assola àqueles que vislumbram uma existência mais leve e mais plena de significados não aprisionados à loucura do mercado. Nem sempre os vagam estão pedidos, porque buscam ser artistas na Vida, e não funcionários. Querem ser senhores e senhoras do seu próprio destino, e não apenas executores de regras alheias. Querem ser atores de seu próprio destino e não platéia.